Resenhas

Mink Mussel Creek – Mink Mussel Manticore

Disco gravado em 2011 por integrantes do Tame Impala e Pond finalmente foi lançado

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Ano: 2014
Selo: Spinning Top Records
# Faixas: 7
Estilos: Rock Psicodélico, Garage Rock, Psicodelia
Duração: 49:35
Nota: 3.5
SoundCloud: /tracks/147316999

Mink Mussel Manticore, disco de estreia de “supergrupo” (antes de se tornar “super”) Mink Mussel Creek, é uma obra que conta um pouco da história do que viria a se tornar dali a alguns anos a tão bem falada cena Psicodélica australiana, mais especificamente, a de Perth. Esta banda, formada na tal cidade, foi o embrião de grupos como Tame Impala, Pond e outros projetos compostos por seus integrantes e, mesmo surgindo anos antes da cena se consolidar, já trazia em si os ingredientes primordiais para sua formação.

Com Kevin Parker (líder do Tame Impala) assumindo as baquetas, Nick Allbrook (ex-Tame Impala e vocalista do Pond) nos vocais e Joe Ryan (Pond) na guitarra, além de mais dois músicos, o grupo gravou este disco em 2007. Contratempos e algumas desavenças com o pessoal do estúdio, porém, impossibilitaram que a obra fosse publicada na época. O álbum foi regravado em 2011, mas o grupo, até então, nunca tinha lançado oficialmente sua obra. Seja por já estar envolvidos com mais inúmeros projetos, que começavam ali a ganhar mais atenção, ou simplesmente por MMC ter se tornado um hobby para Parker e companhia, o disco levaria mais três anos para finalmente sair dos rolos e ganhar sua versão física (e digital).

Mas a pergunta que fica é: o que esperar de uma regravação de um disco na verdade de 2007? Bom, muita coisa. Soando mais áspero e robusto que as produções que seriam produzidas pelos mesmos músicos alguns anos depois, Mink Mussel Manticore é uma colcha de retalhos de sons psicodélicos (desde os mais Blues Rock à la Led Zeppelin até os mais aventureiros e “garageiros” de seus conterrâneos do Wolfmother) e, em quase 50 minutos, explora uma série de sonoridades, novos timbres de guitarra, ritmos não muito usuais e efeitos com pedais e de pós-produção que levam o ouvinte para uma viagem lisérgica.

Prova disso é a faixa de abertura They Dated Steadily, que inicia o álbum logo com uma jam que ultrapassa os treze minutos de duração. Ambientando o Blues Rock em territórios mistos entre o Garage Rock e Rock Psicodélico, a música mostra o grupo se divertindo com a parte instrumental e criando algo próximo as pirações do Rock Progressivo. O resto do disco brinca quase que com os mesmos elementos, porém em doses diferentes. Promising Quintet Rise To Power (Macho Peachu) mostra um groove maior (se assemelhando com as jams dos shows do Tame Impala), Makeout Party Girls um tom mais explosivo e ruidoso (podendo lembrar um pouco a cena garageira da Califórnia, de nomes como Ty Segall e Thee Oh Sees) e Doesn’t The Moon Look Good Tonight trazendo aquele teor mais experimental do Pond.

Tão inusitado e abrangente quanto o ser mitológico que dá nome ao álbum (a manticora é uma espécie de junção entre leão, tubarão, dragão e homem), Mink Mussel Manticore é um ótimo disco de estreia e que mesmo em 2011 (ou 2007) já trazia muitas das tendências que se popularizariam dali a uns anos. Uma pena que banda exista agora só como hobby dos músicos que a criaram, mas a boa notícia aos australianos ou aos turistas que rumam à ilha é que com sorte ainda se pode ver shows do grupo acontecendo nos pubs de Perth.

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Autor:

Apaixonado por música e entusiasta no mundo dos podcasts