Resenhas

Lykke Li – I Never Learn

Melodrama bem construído nos relembra o quanto o romantismo exagerado cai bem em obras assim

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Ano: 2014
Selo: LL, Warner Music
# Faixas: 9
Estilos: Indie Pop, Indie
Duração: 32:50
Nota: 3.5
Produção: Greg Kurstin, Lykke Li e Björn Yttling
Itunes: http://clk.tradedoubler.com/click?p=214843&a=2184158&url=https%3A%2F%2Fitunes.apple.com%2Fbr%2Falbum%2Fi-never-learn-deluxe-version%2Fid839188254%3Fuo%3D4%26partnerId%3D2003

De tempos em tempos, surge alguém concorrendo ao título de “último romântico”, mas percebo que qualquer um que cresceu sob a influência de telenovelas, filmes hollywoodianos e capas de revistas femininas em bancas de jornal e salas de espera tem a tendência de desenvolver essa característica. Amar o amor faz parte de todos nós.

Ao ouvir um disco como I Never Learn, fica difícil não se lembrar daquelas tantas vezes que uma amiga ou amigo veio se desesperar pro seu lado por uma “dor de coração”. A pessoa coloca todas as suas forças em um relacionamento e, quando o chega o momento em que ele não mais existe, também não há mais chão. Com Lykke Li parece ter sido assim. Com todos nós do lado de cá dos fones de ouvido, confesse, também.

Ela aparece na capa meio em luto, meio canonizada, santificada pelo chama que apagou. Anunciado como a terceira parte de uma trilogia (que compreende a discografia da sueca), o álbum traz o sofrimento já nos títulos das músicas, como Love Me Like I’m Not Made of Stone, Sleeping Alone, Never Gonna Love Again e No Rest for the Wicked). O certo exagero que permeia a obra é a opção estética de tratar um tema que nos é apresentado assim pela maior parte da produção cultural – da literatura fácil à televisão, de estampas em produtos ao cinema. O amor está no ar e sua ausência é asfixiante.

Bem retrô, para parecer parte de tudo o que aprendemos como romântico desde que descobrimos que o amor existe, as músicas não devem decepcionar nenhum fã da moça ou qualquer um que procure uma trilha sonora dolorosamente arrastada para se amargar em um finado romance. Gunshot e Heart of Steel se destacam como as melhores do disco, mas não chegam a destoar das outras. A faixa título introduz bem a obra e o final com o verso “we’ll meet again” repetido em Sleeping Alone coloca um tímido sorriso no rosto de qualquer esperançoso.

Quanto mais você escuta, mais simpático I Never Learn fica. Mais ou menos como uma amargura que você teima em cultivar ou uma dor que há tanto tempo está lá e te faz bem por fazer companhia, na aparência que viver sofrendo é o jeito certo de levar a vida. Se essa é a sensação, os exageros nos relembram que isso fica bem só no faz-de-conta. A vida real é outra coisa, mas este álbum ficou bonito.

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ARTISTA: Lykke Li
MARCADORES: Indie, Indie Pop

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.