Resenhas

The Horrors – Luminous

Banda continua experimentações psicodélicas e o resultado surpreende bastante

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Ano: 2014
Selo: XL
# Faixas: 10
Estilos: Synthwave, Rock Psicodélico, Nu Gaze
Duração: 51:34
Nota: 4.0
Produção: Craig Silvey
Itunes: https://itunes.apple.com/us/album/luminous/id821031640?uo=4

Para os que viveram em uma bolha nos últimos dez anos, a única coisa que você precisa saber sobre The Horrors é que o grupo é um sinônimo de experimentalismo psicodélico. Escutando seus três discos anteriores, vemos uma vontade de explorar cada face da lisergia. Por exemplo, se em Primary Colours (2009) havia um interesse por mostrar uma sonoridade suja, reverberada e sufocante, em Skying (2011) nos deparamos com algo mais cheio de chorus e que nos dá a constante sensação de afogamento. Pois bem, quando anunciado que seu quarto disco estava a caminho, a maior curiosidade que ficava era por onde a banda iria caminhar. Os sintetizadores que entram sutilmente nos primeiros segundos do novo registro Luminous já podiam nos responder isso. Era algo Pop. Mas um Pop bem diferente.

Como dito antes, cada disco de The Horrors é uma viagem diferente e este não fugiu à regra. A banda parece ter optado por um caminho lisérgico, mais especificamente pelos efeitos do LSD, afinal, cada música é uma surpresa inesperada. First Day Of Spring começa com acordes de guitarra à la The Smiths, mas, logo adiante, os sintetizadores ao fundo denotam um ar psicodélico que lembra bandas psicodélicas australianas. Falling Star começa como uma espécie de Indie Rock padrão, porém reproduzido na mente altamente intoxicada de ilícitos de algum ouvinte. I See You tem uma frase extremamente Pop e com timbres de teclado que podem evocar referências mais esparsas como até mesmo The Killers, sendo que logo menos caem novamente no delírio.

Entre toda esta brevidade lisérgica de temas de sintetizadores e elementos Pop é que entram os maiores destaques do disco: os sintetizadores. Como dito antes, escutamos aqui um Pop e, quando digo este termo, me refiro a melodias e harmonias que são mais fáceis de serem digeridas por ouvidos menos especializados. Porém, o disco não ganha este um status fraco característico de bandas Pop, justamente por explorar de uma forma imprevisível os timbres. Estas doses do gênero são meramente para atrair o ouvinte, porém quando menos se espera, você já esta delirando completamente. Uma estratégia que parece a de vendedores de droga: dar uma prova gratuita para te viciar, e quando você vê você já esta na lama.

De fato, na evolução dos discos da banda, ela optou por ficar um pouco mais “feliz”, tirando os excessos de reverbs do disco passado e a sujeira de Primary Colours. Esta pode ser uma justificativa do nome do disco: algo com luz que, embora de ilumine, não significa que te deixe menos biruta com uma escutada. Isto é uma característica que ganha o respeito de qualquer banda. Um disco que não lembre características lisérgicas, faça você sentir (ou pelo menos se aproxime muito) os efeitos da droga. Característica esta que fez com que bandas como Tame Impala e Jagwar Ma ganharem o status que tem.

Por fim, o que fica é um disco que comprova a The Horrors este título de “Explorador de Psicodelia” e se mostra como um troféu de uma banda que não para em um só tipo de sonoridade. Embora o disco possa se parecer com o anterior, o elemento Pop e a imprevisibilidade aqui são maiores, fato que não a torna igual. Ótimo registro para de desligar do mundo.

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Autor:

Produtor, pesquisador musical e entusiasta de um bom lounge chique