Suede tirou o atraso de 23 anos em show repleto de hits

Banda britânica não deixou o público do Planeta Terra Festival na mão ao finalmente aportar em terras tupiniquins

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Dentre todas as atrações do Planeta Terra Festival 2012, Suede era – de longe – a mais importante e “jurássica”. Um dos “pais” do Britpop, estava escalado no evento junto a dois representantes do estilo atualmente: Kasabian (cancelado) e The Maccabees, o que formaria quase um festival a parte desse fenômeno consolidado nos anos 90. Após o belíssimo show do segundo grupo no palco indie, nada mais justo do que correr para ver quem serviu de fonte inspiradora para tantas bandas, como Oasis e a próprio Maccabees.

Do começo ao fim, hits foram tocados sem perdão e sem quase tempo do vocalista Brett Anderson respirar. Pouco comunicativo com o público que o estava vendo pela primeira vez em terras tupiniquins, o cantor compensava a falta de palavras com uma atuação de palco invejável a qualquer frontman que passaria pelo Main Stage naquele dia. O seu jeito de cantar, declamando suas palavras às pessoas e olhando profundamente nos olhos das mesmas, consolidaram uma apresentação maravilhosa do grupo.

Ao vivo, o Suede soa muito mais intenso e pesado que em seus discos. Tal intensidade era capturada pelo público, mais velho em sua maioria, que interagia, cantava e se emocionava no show. Em So Young, um dos grandes clássicos do grupo presente em seu debut, Brett podia escutar o público recitar a letra que aborda a fugacidade da vida e como esta deve ser aproveitada ao máximo: “Because we’re young, because we’re gone /we’ll scare the skies with tigers eyes”. Certamente, um dos momentos mais emocionantes do concerto ficou completo quando calmamente, o piano da gravação original entraria já no final da canção.

Abordando toda a sua extensa carreira com mais de 23 anos e cinco discos de estúdio, a banda tocou os três singles que a fizeram conhecida como “a próxima coisa grande do Reino Unido” nos anos 90. Metal Mickey, The Drowners e, principalmente, Animal Nitrate levaram o público ao êxtase. Brett se contorcionava, dançava e cantava até que a veia de seu pescoço saltasse, enquanto o público fazia as frentes dos backing vocals. Vale ressaltar que, apesar do tempo, o som do grupo ainda soa tão contemporâneo e direto ao ponto. Duas guitarras, um baixo que segue a banda e uma bateria mostram que um som básico consegue capturar muita emoção.

Dog Man Star, disco clássico e que mudou o som o do grupo, foi homenageado com quatro músicas : We Are The Pigs, The Wild Ones, New Generation e Heroine, que não foi lançada como single durante a divulgação do álbum. Ao fundo, o telão alternava capas de discos, fotos e imagens estáticas térmicas, o que trouxe uma certa psicodelia em músicas como em Everything Will Flow. Coming Up, maior sucesso comercial do Suede não foi esquecido, e de longe foi a obra mais lembrada com cinco canções. O público parecia não acreditar no show que estava ocorrendo, um verdadeiro Greatest Hits que não deixava passar nenhum momento da carreira do Suede em branco.

Brett Anderson falaria com o público pela primeira vez para agradecer a todos e anunciar a última canção, sob vários protestos de “não”: Beautiful Ones. Quando os primeiros acordes começaram a tocar, algumas pessoas diziam “mas essa canção parece Oasis”, no entanto o é Oasis que se parece com Suede, pois, a partir desses dinossauros, a música britânica seguiria um trilho e estilo que existe até hoje: o Britpop.

A volta do grupo em 2010, realizando uma extensa turnê desde então, trouxe bons frutos como a gravação de um novo disco e demonstra que a banda ainda tem muito gás e lenha pra queimar daqui pra frente. Em um show emocionante para o público, os fãs do Britpop puderam lavar a sua alma e se preparar para mais um concerto histórico que vem por aí: Pulp. Assim como em outras edições do festival, que sempre homenageia bandas com uma extensa carreira e importância musical como Devo, Jesus & Mary Chain, Sonic Youth e Pavement, o Suede veio para mostrar ao público mais jovem que o passado está presente no som de tudo o que se ouve por aí e com uma energia invejável. “Because we’re young and because we’re gone”.

Nota:4,5/5

Crédito da foto: Mariana Pekin

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ARTISTA: Suede
MARCADORES: Planeta Terra 2012

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.