Pharrell E O Desafio De Superar Expectativas Como Um Dos Grandes Nomes do Pop

Músico comanda show divertidíssimo, mas aquém do grande potencial de suas canções

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Fotos: Lollapalooza Brasil

Acho curioso o quanto o conceito de headliner tradicional, como o último grande show de um dia, tem ficado cada dia mais confuso. Pharrell Williams foi contestado desde o dia do anúncio do line up por alguns e muito comemorado por outros. O resultado em questão de público é que o show de Calvin Harris, que aconteceu um pouquinho antes, me pareceu entre duas e três vezes mais cheio do que o do autor de Happy, além de parecer que, em seguida, toda essa multidão se dividiu entre quem foi embora e quem foi entupir o Palco Perry para ver Steve Aoki.

Mas Pharrell Williams era sem dúvida a última pessoa a se importar com este tipo de análise. O produtor de carreira mais do que consolidada parece claramente estar em um momento mais à vontade de sua carreira, fazendo boa música como sempre quis e sendo reconhecido por isso, mas sem querer ser o absoluto centro das atenções – mesmo sendo responsável por pelo menos três dos maiores hits desta década.

Como esperado, intercalou faixas de seu álbum solo G I R L, com covers de faixas clássicas que ajudou a escrever e produzir, como Hollaback Girl, de Gwen Stefani, além de Beautiful e Drop It Like It’s Hot, de Snoop Dogg, além dos sucessos recentes com sua participação, como Blurred Lines, Get Lucky e Lose Yourself To Dance, tudo isso com o apoio de uma boa banda e de Dear Baes, grupo de bailarinas que o acompanha.

A escalação foi um acerto do festival, famoso por, em outras edições, principalmente em seu antigo formato, trazer grandes bandas com um timing não muito bom. Além de ser um nome curinga, por ser Pop, divertido e dançante, conseguindo agradar multidões com facilidade.

O resultado foi um show ótimo, mas bem abaixo do potencial de suas músicas. A empolgação de Pharrell não é contagiante, tornando sucessos gigantes em momentos apenas animados, evidentes principalmente em Get Lucky e Happy, faixas que apesar da saturação, gosto muito e ouço até hoje, mas não chegaram a me deixar no estado de êxtase que imaginei que conseguiriam – como aconteceu com a inferior Pompeii, de Bastille, no dia anterior.

Pharrell interrompe demais a apresentação, não consegue segurar a animação do público e executa truques batidos e desnecessários de engajamento, como convidar o público para o palco – algo excelente para tornar mais épico um show catártico, mas broxante em um que ainda não empolgou tanto. Só daqui mais alguns discos e sucessos estrondosos que conseguiremos saber se isto é um recurso para preencher uma apresentação curta – crítica bastante ouvida após o evento – ou se é o estilo de Pharrell mesmo.

Ainda assim, a aposta segura do festival foi válida, já que mesmo com todos os pontos não tão legais, o show foi divertido, todos que assistiam casualmente dançaram e pularam para comemorar o fim de um fim de semana delicioso e os fogos deram um tempero especial a Happy. Apesar dos pesares, Pharrell é um bom entertainer e seu show preencheu muito bem o segundo dia de Lollapalooza Brasil.

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Autor:

Nerd de música e fundador do Monkeybuzz.