Entrevista: St. Vincent

Annie Clark comenta sua persona no palco, turnês, fãs e David Byrne

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28 de março | 17h15-18h15 | Palco Ônix

Dona de um dos melhores álbuns de 2014, Annie Clark mostrará toda sua versatilidade aos brasileiros no Lollapalooza Brasil 2015 com seu projeto St. Vincent, um dos nomes mais criativos de todo o festival.

Poucas horas após chegar em São Paulo, ela conversou com o Monkeybuzz no hotel, disfarçando o sono de meio de turnê com simpatia e muito charme. Annie usa adjetivos longos e fala com carinho ao mencionar David Byrne e Sufjan Stevens, oscilando entre inteligência e emoção ao conversar sobre seu trabalho – no mesmo espírito de sua música.

Monkeybuzz: Como você, Annie Clark, decidiu criar uma persona, St. Vincent, para se apresentar?
St. Vincent: Decidi porque sinto que você tem mais liberdade pra fazer ou ser o que você quiser sem as amarras da vida cotidiana. No fim, é tudo faz de conta quando você está se apresentando, mesmo se sua performance for “autêntica”. É uma fantasia, então eu decidi abraçar a ideia.

Mb: Você gosta de fantasias, de faz de conta?
St. Vincent: Creio que a linha entre a realidade e a fantasia seja muito tênue, então sim, acho que gosto. Mas todo mundo gosta, todo mundo cria sua própria realidade.

Mb: Quando você se apresenta e está em evidência, você se vê como um modelo pras pessoas, pros jovens?
St. Vincent: Eu queria ser um modelo pros idosos (risos). Sou uma musicista, uma artista performática e uma escritora, e a maneira com que eu vejo isso é que tantos músicos, compositores, cantores, guitarristas etc. me deram tanto na minha vida, como o tesouro da música e o tesouro da criatividade, o sangue, suor e lágrimas da arte, e sinto que tenho sorte de poder devolver para o repertório coletivo. Então, eu faço o que eu faço por causa do que me deram da mesma forma, com criatividade. Eu não acho que eu seja exatamente um modelo pra alguém, eu acho que estou apenas devolvendo.

Mb: Por falar em músicos que doam muito, como foi trabalhar com David Byrne?
St. Vincent: Fenomenal. Ele é um gênio e um cavalheiro. E ele está sempre olhando pra frente, nunca pra trás. Ele nunca se contenta com a nostalgia, tem sempre um novo projeto.

Mb: Isso parece ser muito sábio.
St. Vincent: Sim, eu nunca conheci alguém com tanta energia.

Mb: E trabalhar com Sufjan Stevens?
St. Vincent: Eu amo ele demais. Eu sou muito fã, tanto da pessoa quanto da sua música. Estou muito animada com seu disco novo. Suf é um gênio.

St Vincent

Mb: Esta pergunta é complicada, mas como você enxerga sua popularidade?
St. Vincent: No mundo? Eu não faço ideia. Acho que varia bastante de lugar pra lugar. Sei que sou grande nos EUA, Canadá e Inglaterra, que são mercados maiores. Me perguntaram agora há pouco: “Como você se sente por ter tantos fãs brasileiros?” e eu respondi: “Eu tenho?” (risos), não fazia ideia. Conheci muitos fãs nessa viagem, eles foram maravilhosos, muito calorosos.

Mb: É sua primeira vez tocando na América do Sul, mas você já tinha viajado pra cá antes?
St. Vincent: Nunca, o que é vergonhoso. Eu sou do Texas, era só eu ter pulado o muro e pegado carona pra cá (risos).

Mb: E está animada pros shows no Brasil?
St. Vincent: Sim!

Mb: É uma pergunta meio boba, né?
St. Vincent: Não, é claro que eu estou animada. O público tem sido ótimo nos outros países – no Chile, Paraguai e Argentina. Imagino que aqui seja parecido. As pessoas mostram amor de maneiras diferentes. No Japão elas são mais comportadas, enquanto na Coreia do Sul, jogam coisas no palco assim que você entra. Mas tudo é amor.

Mb: Qual impacto fazer uma turnê tem em suas composições?
St. Vincent: Impacta muito, porque eu sempre pego alguma coisa aqui e ali pra usar em alguma música. Então, poder ir aos lugares, conhecer gente nova nesse contexto de música é fenomenal. E museus, ver outras bandas tocarem ou mesmo só poder experimentar como é viver um dia na vida de outra cultura, me faz pensar como seria se eu me mudasse de país. Acho que ajuda com a miopia americana e a ter mais empatia, no geral.

Mb: E o que você conhece de música brasileira? St. Vincent: Caetano Veloso, Bebel Gilberto, Astrud Gilberto… todos os Gilberto (risos), Os Mutantes e toda a psicodelia brasileira. É legal demais.

lolla

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Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.