Phoenix: Headliner Escondido no Início da Noite

De volta ao Brasil, banda francesa ensinou como se monta um repertório de grande festival

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Do alto de seus quinze anos de carreira, Phoenix soube esbanjar maturidade na hora de fazer um show da banda grande que é no início da noite de sábado, 5 de abril, no Lollapalooza Brasil 2014. Sendo esta sua primeira vez no país desde que lançou o pouco celebrado Bankrupt! (2013), Thomas Mars e seus companheiros acertaram em apostar em um repertório ideal para um público deste porte, investindo principalmente em faixas do “clássico” Wolfgang Amadeus Phoenix.

Mesmo assim, quem abriu o espetáculo foi a faixa de abertura e principal single do novo disco, Entertainment, que serviu para aquecer os motores para uma sequência de quebrar a perna de qualquer fã: Lasso e Lisztomania, ambas do álbum de 2009. Era o suficiente para o mar de gente em frente ao Palco Skol delirar e mal retomar fôlego para uma combinação de Too Young (hit do disco United, de 2000) com Girlfriend (do penúltimo lançamento). Era aí que começavam as surpresas.

Três faixas de Bankrupt! foram agrupadas de uma vez logo depois, Trying to Be Cool (das recentes, a mais comemorada), Drakkar Noir e Clorophorm, uma tentativa válida de valorizar o novo trabalho sem tomar muito tempo de uma apresentação de média duração (1 hora e 15 minutos). Quando If I Ever Feel Better, também do registro de estreia do quarteto, começou a tocar, não dava pra imaginar que a amalucada Funky Squaredance entraria ali no meio para causar ainda mais.

E foi aí que surgiu o momento mais ousado da noite, um verdadeiro “cala a boca” pra qualquer um que achasse que a banda francesa estava fazendo uma apresentação “segura”. Sunskrupt é o mash up que junta a faixa-título do último álbum e a grandiosa e “semi-instrumental” Love Like a Sunset. A julgar pelo rumo que o show seguiu no começo, não dava pra imaginar que esse momento chegaria.

Foi a hora de pegar o fôlego para mais uma sequência de lotar qualquer estádio: Consolation Prizes (única representante do terceiro disco, It’s Never Been Like That), S.O.S. in Bel Air e Armistice, antes de 1901 fazer as vezes de encerramento da noite, para então dar as vezes para Rome e o instrumental de Entertainment, para o que parecia um bis emendado enquanto Mars se jogava na plateia como o rockstar que é por trás de seu ar blasé.

O que separou Phoenix de Muse como headliner da noite não foi o tamanho do público, muito menos a qualidade da performance, mas simplesmente o horário do show. Algo que ouvi naquela noite e no dia seguinte foi que, para muitos, aquela foi a grande apresentação do sábado e tanto Muse quanto Disclosure vieram quase como um “bônus” – mais ou menos como aconteceu com Queens of the Stone Age em 2013.

Se a produção do Lollapalooza preferir continuar investindo em shows enormes e, às vezes, superiores aos que tem a missão de encerrar o dia, nós só temos a ganhar (e a agradecer).

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ARTISTA: Phoenix

Autor:

Comunicador, arteiro, crítico e cafeínado.