A Força do Passado de Pixies

Mais um grande reforço para o time dos veteranos brilha no line up do festival

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Para falar de Pixies em nosso contexto atual, é inevitável trazer à tona os vai-e-vens que tem acompanhado o grupo desde seu recesso há mais de 20 anos. Com um hiato desde 93, o grupo ressucitou há dez anos, em 2004. Depois disso, tudo parecia correr bem com sua carreira renovada até o triste anúncio da saída de Kim Deal do time, na metade do ano passado. Mas, antes dos conflitos pessoais, vamos voltar à década de 90 e lembrar do significado do grupo para a história da música alternativa.

Pixies foi um dos grandes expoentes do Indie noventista (e o meu favorito do gênero, diga-se de passagem) e é graças à influência de grandes álbuns como Surfer Rosa e Doolitle que podemos agradecer a existência muitas outras bandas, algumas de nomes nada modestos, como, por exemplo, Nirvana ou Radiohead. Juro. Kurt Cobain era fã declarado do grupo e é graças a eles que resolver montar a própria banda, já Thom Yorke, por sua vez, também não esconde a importância de Pixies em sua formação, veja no vídeo abaixo:

O peso da “primeira fase” do Pixies, essa pré-recesso, é tão grande que é inevitável falar sobre qualquer coisa atual deles sem deixar em destaque a sua influência para a música contemporânea e sua possível revolução da época. Mas vamos aos fatos: na metade do ano passado a relação conflituosa entre os dois compositores do grupo, Black Francis e Kim Deal, atingiu seu auge e a baixista oficializou sua saída do grupo. Mas parece que a relação conflituosa entre os dois também era, de algum modo, a responsável pela dinâmica das composições de sua discografia. Desde então, Pixies lançou dois álbuns curtos, EP1 e EP2, que estão longe (naturalmente) do peso revolucionário que tinham no passado mas que cumprem, de certa forma, o papel de afirmar a vida ativa do grupo, ainda mais sob a criatividade imensa das letras de Francis.

Duas baixistas já passaram pelo grupo desde então, a primeira, Kim Shattuck, foi demitida após sua breve passagem e agora quem assume a comando dos graves é Paz Lenchantin, que já tocou com Zwan e A Perfect Circle.

A presença de Lenchantin dá sinais de ter a força que Pixies precisava e parece estar agradando. De qualquer modo, a ausência da formação original e histórica nos palcos não deve atrapalhar a força de sua apresentação (a menos, é claro, que você seja um fã muito purista) ao lado do time dos veteranos nesta edição do Lollapalooza. Ah, e nada de esperar o violão e o violino das apresentações mais intimistas. Mesmo que apareçam, pode apostar no protagonismo da guitarra distorcida e baixo elétrico nas já conhecidas explosivas apresentações do grupo em grandes ocasiões. A terceira passagem do grupo pelo Brasil com certeza é um dos pontos fortes do line up do festival e poderá figurar como motivo de orgulho na sua coleção de ingressos.

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ARTISTA: Pixies

Autor:

é músico e escreve sobre arte