Franz Ferdinand e seu fogo fora de controle no Lollapalooza

Outra vez em solo nacional, os britânicos mostraram porque mereciam melhor palco e estrutura no evento

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Fotos: Fernando Galassi / Monkeybuzz

Uma tarde bonita coloria o Jockey Club quando Franz Ferdinand subiu no palco Butantã para se apresentar aos conhecidos, desconhecidos e sempre empolgados fãs brasileiros. Antes de qualquer coisa, o simpático Alex Kapranos foi até o microfone e colocou seu português em prática, em resposta aos gritos eufóricos que nunca paravam e, logo de cara, a banda escocesa mandou o superhit No You Girls, fazendo o público pular mesmo depois de quase dois dias de festival.

De volta ao Brasil em menos de um ano, a apresentação propagava confiança e animação, revelando quatro membros de uma banda em sintonia entre si e com a plateia. Era possível perceber que eles se sentiam à vontade em executar músicas menos conhecidas e lançadas há pouco tempo, como Fresh Strawberries e The Blackpool Illuminati, com o mesmo primor e vontade aplicados nas demais. A sequência inteligente de músicas também foi um fator essencial para manter a eletricidade da performance. Os grandes sucessos, como Do You Want To, Walk Away e Ulysses, estavam intercalados durante o show inteiro e garantiam que até os menos familiarizados com Franz conservassem seu interesse na apresentação. Além disso, a constante e estridente interação de Kapranos com o público também foi um fator essencial que compensa a já conhecida concentração e polidez britânica, que em momento algum se perde.

Sem a necessidade de se descontrolar ou correr, Franz Ferdinand realizou uma estranha e intensa conexão com o público que, muitas vezes, se contentava em apenas fechar os olhos e cantar junto. Até mesmo quem tentava acompanhar o show mais ao fundo, enfrentado dificuldades em ouvir as guitarras e microfones, se esforçava para não perder nenhum refrão ou aplauso. Dificuldades técnicas à parte, não houve lama que segurasse o público no chão. Todo o esforço para se situar nas partes das músicas foi recompensado quando todos os braços se levantaram e gargantas se empenharam em gritar a marcante Take Me Out, claramente um dos pontos mais altos do show.

Can’t Stop Feeling foi realizada com um toque especial, seguida de uma Outsiders única, na qual toda a banda se reuniu em torno da bateria para um solo coletivo, incentivado pelo público. Os problemas de som só foram percebidos pela banda praticamente no fim do show e, apesar de algumas visíveis reclamações, sustentaram a qualidade e ritmo. Ao fechar com This Fire, o Franz Ferdinand deixou claro que não vem ao Brasil fazer show morno, reafirmou sua competência e deixou, mais uma vez, aquela vontade de assisti-los novamente.

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