Foals apresentou ao público o que é o Rock Moderno

Grupo inglês mostrou toda a energia que um festival pede e fez um dos melhores concertos do Lollapalooza 2013

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Fotos: Fernando Galassi / Monkeybuzz

Como definir um grande show? Não basta saber tocar as músicas do CD, tem que no mínimo ter presença de palco. Não basta passar as sensações gravadas, tem que ultrapassá-las. Foi assim que Foals começou muito bem o domingo de Páscoa para os fãs de música, que deixaram de passar o dia familiar para aproveitá-lo em alto e bom som em um dos melhores concertos que-nem-todo-mundo-viu do Lollapalooza 2013.

Já havíamos avisado antes que o horário das 15 horas é sagrado neste festival, chamariz para você chegar mais cedo e não se arrepender depois, e Foals foi a prova viva disso junto a Gary Clark Jr. e Of Monsters and Men. Para quem não sabe, esta era a terceira vez que o grupo se apresentava em terras tupiniquins após exibições no Planeta Terra de 2008, turnê de seu primeiro CD Antidotes, e em 2011 ao abrir para Red Hot Chilli Peppers. Enérgico como sempre, Yannis e seu grupo de talentosos músicos fizeram aquele que foi um dos shows mais intensos de todo o festival.

Dono de um estilo de música peculiar, devido ao seu “intelectual” nome de Math Rock, o Foals está na verdade na vertente do Rock Moderno. Sim, contrário ao movimento de retomada de ritmos e inspirações antigas, o grupo olha pra frente quando faz música e realmente inova no estilo. Linhas de guitarra e baixo em padrões diferentes, mas entrelaçadas entre si, trazem um toque contemporâneo e acessível dos mais jovens aos mais velhos.

Intenso é o adjetivo certo para o concerto da banda. Mesmo se você não conhecer as músicas, vai pular loucamente, cantar melodias e pausar nas belas baladas. Talvez como uma homenagem a um público que os viu em uma arrebatadora exibição no Planeta Terra, em que Yannis pulou e correu no meio de todos, com tempo ainda para tocar um tambor junto com a galera, o show tenha tido tantas faixas do seu primeiro disco, surpreendendo todos.

Começando com Prelude, faixa instrumental de abertura de um dos grandes discos deste ano, Holy Fire, os músicos pareciam ter o público na mão. Animados, pulavam de um lado para outro com Yannis alternando entre momentos de raiva e emoção. Pudermos ver as explosivas Ballons e Olympic Airways do primeiro disco, assim como Red Socks Pugie. Do novo trabalho, o single My Number parecia na ponta da língua de todos, assim como o coro que percorreu a nova, linda e calma canção Late Night.

Assim como em disco, as faixas mais cadenciadas vão crescendo aos poucos, elevando o espírito do público e se tornam uma verdadeira comoção quando explodem com solos e riffs inspirados. Foi assim que Spanish Sahara proporcionou um dos momentos mais bonitos de todo o Lollapalooza 2013. Yannis conduz metade da música quase que sozinho, para que depois instrumentos sejam acrescentados até a vibração final com todo o público cantando “Forget the horror here /Leave it all down here/It´s future rust and then it´s future dust”.

O segundo álbum foi homenageado com esta e Blue Blood, outra faixa que soa muito melhor ao vivo do que em disco. Providence e principalmente Inhaler fizeram todos mexerem a cabeça como em um show de uma banda pesada, o que Foals inegavelmente é. Inhaler, aliás, é curiosíssima ao vivo, pois sua construção é de certa forma leve até o refrão, em que Yannis grita como se estivesse se sentido enclausurado: “SPACE”. O público parecia entender e pulava berrando quando o vocalista chegava ao refrão. Antes de acabar, mais uma faixa de Antidotes, Two Steps, Twice, permitia uma grande improvisação do grupo enquanto, ao mesmo tempo, ensinava o “passinho” para aproveitar o show da banda, “dois passos, duas vezes”.

Saindo com uma bandeira do Brasil na mão, Foals mais uma vez emocionou um público, que mesmo que talvez não conhecesse o som da banda provavelmente irá pesquisar e se aprofundar mais agora. Mas posso dizer que após presenciar cinco concertos do grupo, o nível em cada um sempre se supera e que simplesmente escutá-los no MP3, CD, ou vinil não é nem metade do que o grupo mostra ser ao vivo. A grande pergunta que paira sobre as nossas cabeças é: quando Foals fará um concerto solo por aqui? A bandeira carregada ao final talvez seja um sinal de que algo neste sentido será bem-vindo de ambos os lados.

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ARTISTA: Foals

Autor:

Economista musical, viciado em games, filmes, astrofísica e arte em geral.