50 Melhores Álbuns de 2016

Saiba quais foram os discos favoritos da redação do Monkeybuzz neste ano

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50. César Lacerda e Romulo FróesMeu Nome é Qualquer Um

“O álbum se permite planar sobre os rincões mais tristes e líricos do Samba. Aquela parte do ritmo que não está no desfile de escolas do grupo especial ou no âmbito percussivo-engraçadinho. Aqui a coisa é triste, lírica, contemplativa, de pessoas que observam os passantes, que sentem os trancos, que vislumbram os binômios da cidade, tudo traduzido em uma beleza cinza, compadecida e massivamente brasileira.” – Carlos Eduardo Lima

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49. Hurtmold & Paulo SantosCurado

Curado é uma imersão no que há de mais contemporâneo em São Paulo e no Brasil em termos de um cenário cultural atento ao seu contexto histórico – contemplando a herança do passado e as diversas influências de hoje -, tudo pelas mãos de quem sempre provou entender bem disso: Hurtmold e Paulo Santos (ex-Uakti).” – André Felipe de Medeiros

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48. GallantOlogy

“Gallant caminha por um terreno já conhecido seu: as sombras, e nada comprova isto melhor do que a forma como a parte instrumental de suas composições é moldada. Optando sempre por reverbs espaçosos, ambientações obscuras e batidas lentas e precisas, fica claro que ,para entender Ology, você deve sentir a densidade e a beleza que envolvem suas palavras e pensamentos.” – Lucas Cassoli

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47. **Sabotage – Sabotage

“O álbum póstumo, por fim, serve como uma homenagem digna e também como afirmação que ninguém conseguiu chegar perto do talento, personalidade e técnica do rapper do Canão. Se hoje vivemos uma época em que o Rap e principalmente o Hip Hop vivem seus momentos de maior popularidade no Brasil, algo difícil de se prever no começo dos anos 2000 e batalhado por Sabotage, vemos que os relatos sobre a revolta social de pessoas marginalizadas no nosso país ainda fazem tanto sentido.” – Gabriel Rolim

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46. Alicia KeysHere

“Ela resolveu fazer o que os economistas do início do milênio chamavam de “downsizing”, ou seja, encolher, depurar, filtrar excessos e manter o essencial. Na teoria econômica, era apenas um nome chique e novo para mandar gente embora e contratar terceirizados, como manda a cartilha neoliberal. Em termos musicais, significa manter apenas o que importa na música do artista. No caso de Alicia, importa sua voz e seu piano, além de umas batidas aqui, uns samples ali, e um clima que se aproxima mais do Hip Hop do que qualquer incursão anterior da moça.” – Carlos Eduardo Lima

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45. Lewis Del MarLewis Del Mar

“Mais que novo, mais que inédito, Lewis Del Mar é bom Pop, cheio de detalhes e impressões pessoais, oferecendo uma identidade bem nítida para o ouvinte. É alternativo mas tem potencial para ganhar o coração e os ouvidos de cada vez mais gente por aí. Você vai gostar.” – Carlos Eduardo Lima

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44. Touché AmoréStage Four

“Com uma temática delicada, parece que o grupo tomou um cuidado extra ao produzir este registro, tendo cada faixa uma aura única, refletida na escolha precisa de timbres e composições mais elaboradas. Entretanto, a maturidade aqui não vem só expressa em faixas instrumentais mais trabalhadas, mas na própria poesia de Jeremy que põe tudo o que sente para fora.” – Lucas Cassoli

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43. Liniker e os CaramelowsRemonta

“Se montar já é um tarefa árdua, se Remontar é algo que requer uma grande reflexão sobre si mesmo. É justamente neste momento que Liniker se encontra, tentando processar quase cinco anos de sentimentos e nos mostrando suas dúvidas e impressões do mundo com um olhar jovem, porém extremamente maduro diante das incertezas que o cercam.” – Lucas Cassoli

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42. DIIVIs The Is Are

Dopamine, o single escolhido para ilustrar o novo álbum de DIIV, parece de fato sintetizar a essência de Is The Is Are, ou seja, vê na dopamina (a grosso modo, substância que causa a sensação de prazer no cérebro, estimulada, entre outras coisas, pelo uso de entorpecentes) uma relação antagonista entre a busca de prazer e o sofrimento de Zachary Cole Smith contra o vício em heroína.” – Roger Valença

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41. Kevin MorbySinging Saw

“Grande parte do mérito de Singing Saw é a semelhança com dois grandes lançamentos recentes da música alternativa, a saber, as baladas românticas de Tobias Jesso Jr. e o Rock Americana de Kurt Vile. Kevin Morby se coloca, de algum modo, no meio do caminho entre ambas as expressões, embora dificilmente se reduza a estes predicados.” – Roger Valença

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40. WhitneyLight Upon The Lake

Light Upon The Lake é uma sessão de bem querer sonoro, algo que dura pouco mais de meia hora, mas que é comparável, em termos de efeito, a uma boa sessão de acupuntura ou meditação, algo que nos faça entrar em contato com nossos eus interiores ou, simplesmente, nos desconectar da realidade. Não é viagem, é verdade.” – Carlos Eduardo Lima

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39. Június MeyvantFloating Harmonies

“O conjunto de canções é impressionante. Há sempre um detalhe soberbo no arranjo, sempre um violino, um cello ou naipe de metais preenchendo espaço, propondo sutilezas, nunca optando pelo caminho mais simplório ou objetivo demais, aproveitando o tempo para oferecer detalhes e fofuras. ” – Carlos Eduardo Lima

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38. Terno ReiEssa noite Bateu como um Sonho

Essa Noite Bateu Com Um Sonho é um registro imersivo, no sentido mais sensorial que isto possa ter. Com novas metas em mente, o grupo arrisca trazer arranjos mais suaves do que o disco passado, seguindo uma linha mais parecida com seu EP, Trem Leva Minhas Pernas.” – Lucas Cassoli

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37. El Perro Del MarKokoro

“Sarah ficou completamente encantada com a multiplicidade de sons, deu um jeito de registrar a maioria deles e começou a pensar em como poderiam se mesclar à sua música essencial, aquela mais contemplativa do início da carreira. Dessa tentativa de apropriação – bem sucedida – surgiu este admirável novo álbum, que mostra uma artista sendo surpreendida o tempo todo e procurando ser generosa com todos os detalhes que se propõe a mostrar.” – Carlos Eduardo Lima

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36. Séculos ApaixonadosO Ministério da Colocação

O Ministério Da Colocação é um passo para frente do romantismo do primeiro disco. Se Roupa Linda, Figura Fantasmagórica criava uma ambientação quase Dream Pop e suave, o novo álbum é mais denso e nebuloso. A voz grave e trêmula de Gabriel Guerra, que por vezes se faz difícil de compreender, dá ao registro uma aura caótica,” – Lucas Cassoli

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35. Nicolas JaarSirens

Sirens pode ser considerado uma ruptura; uma partida rumo a composições em que os versos são as partes fundamentais e não meros aditivos. O disco, carregado de um discurso político alinhado com os tempos atuais de Trump, racismo, xenofobia e Brexit, não poderia ser mais adequado e ao mesmo tempo imediato.” – **Gabriel Rolim

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34. AuroraAll My Demons Greeting Me As A Friend

“Como o nome sugere, All My Demons Greeting Me As A Friend é um disco extremamente pessoal. Tanto que as impressões e sentimentos da cantora ganham um aspecto extremamente metafórico dentro de suas composições. Cada música traz um pouco de memória consigo, nos conduzindo por uma teia de lembranças que podem ser dolorosas, mas são os melhores amigos de Aurora e, portanto, parte integrante de sua trajetória.” – Lucas Cassoli

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33. Mano BrownBoogie Naipe

“O álbum não tenta ser contemporâneo e visa a nostalgia com uma homenagem à música negra brasileira como um todo. Obviamente, esse caminho cruza com as origens norte-americanas desse caldeirão musical – Disco, Funk e R&B são alguns exemplos que encontramos ao longo de 22 faixas. Curiosamente – e apesar de algumas similaridades e o contexto internacional de 2016, que colocou novos artistas em um percurso parecido como Solange e Blood Orange, influenciados naturalmente pela abertura de Kendrick Lamar -, Boogie Naipe é um trabalho que soa naturalmente brasileiro.” – Gabriel Rolim

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32. Teenage FanclubHere

“Equiparando-se àquelas bandas que tornou possível a existência – de The Shins a Darwin Deez – Teenage Fanclub, na onda daquilo que sempre soube fazer com maestria, lança mais um deleite para ouvidos em busca de um som fluído, que soa tanto fresco quanto nostálgico.” – Roger Valença

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31. Kero Kero BonitoBonito Generation

“Misturando referências da música do novo milênio, como J-Pop, efeitos de videogame e muitos sintetizadores eletrônicos, este álbum consegue trazer melodias extremamente simples, o que não é sinônimo de um trabalho simplista.” – Lucas Cassoli

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30. ANOHNIHopelessness

“O título não poderia ser mais apropriado para uma obra de grande agressividade temática que encontra nas referências da música Eletrônica não sua cumplicidade emocional, mas o alívio narrativo que o ouvinte precisa para aguentar o peso de sua mensagem.” – André Felipe de Medeiros

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29. WarpaintHeads Up

“Warpaint talvez soe tão envolvente por conta do protagonismo ocupado, ao invés da voz e guitarra usuais no estilo, pela bateria de Mozgawa e pelo baixo de Lindberg. Assim, por mais que o grupo oscile entre do Indie ao Pop, e exiba elementos do Hip Hop ao Funk (o single New Song lançado de antemão é facilmente uma das faixas mais assertivas na carreira do grupo), Warpaint é um dos grupos mais coesos da música alternativa contemporânea.” – Roger Valença

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28. Metá MetáMM3

“Em 40 minutos e meio de disco, o grupo passeia por estilos e categorizações que perdem um pouco de seu sentido original a partir da reinterpretação que o grupo oferece. O canto de Jussara é sofrido, porém fortíssimo. O instrumental é enorme, pesado e cinematográfico, ora soando como caos, ora como ordem, por vezes como ambos, num paradoxo estranho e praticamente irresistível.” – Carlos Eduardo Lima

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27. Leonard CohenYou Want It Darker

“É desta mistura de personas, do passar do tempo, da natureza humana, do terrível e incontornável destino de todos nós que Cohen trata em seus discos e escritos. You Want It Darker é seu depoimento mais recente sobre tudo isso” – Carlos Eduardo Lima

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26. BeyoncéLemonade

“Sua escolha da vez foi apresentar um conteúdo protagonizado por uma mulher forte cujo pano de fundo duplo – sua afrodescendência e a infidelidade do parceiro – é tido tanto como combustível, quanto como pretexto para exercitar sua força. O quanto isso representa a experiência pessoal da artista não vem ao caso, já que não influencia na qualidade de sua música.” – André Felipe de Medeiros

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25. RaçaSaboroso

Saboroso é um exercício profundo da recriação dos universos particulares de cada integrante. Cada música tem uma pitada de decepção, feita em universo que ora flerta com um Post-Rock epifânico, no melhor estilo Explosions In The Sky, ora brinca com algumas referências do Emo do final dos anos 1990 e, até mesmo, uma temperada com um Indie Emo que traz viva a imagem de um Death Cab For Cutie tupiniquim. O sofrer acompanha a banda por sua curta discografia, mas este segundo disco é um momento fantástico em que as confissões adolescentes de outrora evoluem para narrativas extremamente densas e complexas. É um álbum pesado, no sentido mais cansativo e exaustivo que isto possa ter, e o fato de sermos capazes de sentir o fardo só deixa o trabalho cada vez mais interessante.” – Lucas Cassoli

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24. WoodsCity Sun Eater In The River of Light

“Não seria um exagero dizer que, no curso dessa década de carreira, pouca coisa tenha mudado em seu som. É claro que vão existir diferenças, como entre Bend Beyond (2012) e With Light and with Love (2014), por exemplo, mas não o suficiente para ser chamado de revolução ou mesmo uma nova fase. Sendo assim, City Sun Eater in the River of Light é fruto de uma paulatina evolução que se deu aos poucos, disco a disco. Os aspectos que “melhoram” neste álbum em relação aos demais, surgem de forma muito natural, como se brotassem espontaneamente das mentes de Earl e Taveniere.” – Nik Silva

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23. Chance The RapperColoring Book

“Por tudo isso, a expectativa era altíssima e musicalmente, o potencial enorme que Chance The Rapper vem mostrando desde que surgiu, ainda não foi totalmente atingido aqui. Talvez por isso mesmo a ideia de mais uma mixtape, que, se ainda carrega algum significado nos dias de hoje, tem o sentido de algo menos “definitivo” e ambicioso que um álbum. Coloring Book funciona como um novo capítulo do diário do rapper, que assumidamente não se enxerga mais no garoto inconsequente de Acid Rap. É como se o músico, antes de se sentir totalmente maduro, quisesse nos brindar com um update sobre como está sua cabeça, sua vida e suas inspirações.” – Lucas Repullo

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22. Kanye WestThe Life of Pablo

The Life Of Pablo é um disco imperfeito. Não tem os hits de The College Dropout ou de Late Registration, não é épico como My Beautiful Dark Twisted Fantasy nem agressivo e provocador como Yeezus. Este é um álbum que reflete a impulsividade de Kanye, mas que, ao mesmo tempo, ressalta toda sua sensibilidade artística (…) Se tal impulsividade foi espontânea, pouco importa, mas o objeto que chegou até nós foi um trabalho que parece mais confortável a Kanye. Seus projetos sempre pareceram envoltos em campos de força impenetráveis formados pela aura inovadora e criativa que aqueles sons traziam. Aquela sensação de estarmos ouvindo algo que iria influenciar gerações de jovens rappers.” – Lucas Repullo

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21. NxWorriesYes Lawd!

Yes Lawd! une as personalidades distintas, embora complementares, dos músicos em um álbum aderente. Knxwledge é sóbrio, discreto e elegante, usa samples recortados de Jazz e de Funk, e os reestrutura em bases complexas de ar eletrônico. .Paak, por sua vez, é excêntrico, extrovertido e extravagante, une a potência de sua voz melodiosa de Soul man com a habilidade narrativa do Rap de forma sedutora. O resultado é um álbum sexy, recheado de texturas complexas e que demonstra a noção de estar situado dentro da contemporaneidade.” – Roger Valença

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20. Angel OlsenMy Woman

“Nem precisaria comentar, mas My Woman é um disco extremamente feminino, que não tem problema em admitir sofrimentos e vulnerabilidades humanas, dessas que independem de gênero para existir e tomar conta da nossa alma. Angel abraça a tristeza e aquela terrível sensação de que o chão sumiu subitamente. Também dá atenção à necessidade cada vez maior da mulher ter força suficiente para desfrutar de mais cidadania e direitos num mundo que faz tudo parecer naturalmente destinado a favorecer cada vez menos pessoas, chegando ao ponto de descaracterizar minorias para dar-lhes novas características de maioria. É confuso, mas tais questões existenciais estão no cerne das canções que Angel coloca no álbum. A produção – dela – está jogando a favor dessas sutilezas, abrindo mão de qualquer forcação de barra em timbres e instrumentais mirabolantes, fazendo com que as faixas rumem gentilmente em direção a essas canções enjeitadas da virada dos anos 1960/70, de gente como Linda Ronstadt, Joni Michell ou, para um referencial mais atual, Norah Jones, quando resolve soltar suas influências Country mais urbanas.” – Carlos Eduardo Lima

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19. Nick Cave & The Bad SeedsSkeleton Tree

“Obras de arte estão subjugadas ao seu contexto de criação. Em geral, um critério para o reconhecimento de grandes obras de arte está na sua relevância simbólica dentro do cenário sócio-cultural no qual surgiu. Obras de arte geniais, por sua vez, são aquelas que, mesmo realocadas do seu pretexto original, e portanto ressignificadas, são capazes de emanar ainda mais força. Skeleton Tree é uma obra que fala de amor, de fé e de arrependimento, mas nasce marcada pelo luto sobre a morte de um filho” – Roger Valença

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18. James BlakeThe Colour In Anything

“James Blake entende como poucos essa ironia brutal, mas, ao mesmo tempo, tão desejada que são os relacionamentos. A pessoa mais importante e presente em sua vida pode, de repente, tornar-se a mais distante e ausente. Não por acaso, chegando no fundo do poço emocional que The Colour In Anything nos leva, o músico usa como metáfora para tal situação a única outra possível causa de uma interrupção tão brusca numa relação entre duas pessoas, a morte (…) Por ser um disco tão denso e desgastante, não há nele uma nova Limit To Your Love ou uma Retrograde. Se é o que procura, experimente as candidatas Love Me in Whatever Way ou I Need A Forest Fire (com participação de Bon Iver), mas o disco inteiro vai além de bons refrões e gemidos arrepiantes. ” – Lucas Repullo

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17. BadBadNotGoodIV

IV não é impulsivo como seus antecessores, a vibe do improviso e da jam session cede lugar a um andamento muito mais cool e organizado. O trabalho parece se preocupar em ser muito mais envolvente do que emocionante, e o fantasma da maturidade – palavra perigosa para um grupo que fez sucesso por usar uma máscara de porco e fazer covers da trilha sonora de The Legend of Zelda – parece sondar o quarteto como um destino inevitável. Se continuar com sua veia criativa pulsando em pressão alta como tem sido até agora, BBNG não tem do que se preocupar, seus álbuns não vão decepcionar, mesmo com as expectativas cada vez mais altas que criam.” – Roger Valença

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16. WadoIvete

“Em Ivete, nono disco de Wado, o músico consegue, sem tentar reinventar o Axé, nos ajudar a enxergar o estilo com um novo olhar. Reinterpretação talvez não seja a melhor palavra para descrever o que foi feito aqui. A sensação inicial passada pelo preciso e contagiante single Alabama é de ouvir Wado simplesmente tocando Axé. Só que sua voz carismática, seu jeito de cantar e suas referências ajudam a reviver em nossa cabeça um milhão de significados atrelados ao seu som, que, ao serem usados em prol do estilo baiano, nos aproximam da música de maneira diferente (…) Já tendo mergulhado nos mais diversos campos da música popular brasileira, não seria difícil Wado construir uma carreira a ser lembrada mais pela forma do que pelo conteúdo. No entanto, canções como Samba de Amor e Amanheceu – minhas preferidas – nos lembram da perfeição de suas composições, nas quais melodia, voz e letra entram numa sintonia tão confortável e tão particular de sua obra, que a curiosidade que talvez possa ter nos atraído até aqui já tenha ficado pra trás há muito tempo.” – Lucas Repullo

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15. Gold PandaGood Luck and do Your Best

“Estes temas, sejam sonoros, sejam culturais, não são necessariamente uma novidade para Gold Panda. O artista já morou no Japão e, além disso, vimos em seu álbum anterior Half of Where You Live, também Minimalista, Eletrônico e cheio de “sutilezas e pequenos recortes do dia-a-dia”, o encanto do artista com algumas capitais cosmopolitas (…) A diferença aqui talvez seja a abordagem, ou o ângulo do olhar. Por isso, assim como o trabalho da fotógrafa Laura Lewis (a acompanhante do músico na viagem) nos mostra, Good Luck and Do Your Best é plácido, tranquilo, e focado em um cotidiano estrangeiro, quer dizer, é a busca da normalidade fora do contexto de quem vê. Vale lembrar que este álbum é inspirado por uma viagem ao Japão, mas não é sobre tal viagem. Por isso, talvez, o álbum soe tão atemporal, ou, melhor ainda, consiga traduzir esse sentimento universal de uma alma forasteira que, mesmo viajando, está sempre voltando para casa.” – Roger Valença

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14. BaianaSystemDuas Cidades

Duas Cidades vem com tamanha leveza, um espírito pacífico e festivo, que chega a camuflar o conteúdo ricamente social e cultural ao longo de suas doze faixas. O que BaianaSystem fez, ao lado do produtor Daniel Ganjaman, veio a ser um dos discos que mais merecem sua atenção na temporada (..) Sua natureza muito popularesca pode assustar alguns (o que vem a ser irônico, dados tema e proposta das músicas). Quem entrar na dança, contudo, terá um álbum completinho que, mesmo se você não escutá-lo dezenas de vezes seguidas, estará sempre pronto para oferecer uma bela experiência ao ouvinte.” – André Felipe de Medeiros

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13. Anderson .PaakMalibu

“A chegada de Malibu parece consagrar a carreira de Anderson .Paak com o passo mais expressivo de sua trajetória até então. Embora o músico já tenha atraído atenção com sua estreia intitulada Venice, e também tenha angariado um peso considerável em seu curriculo ao participar em um bom número de faixas do álbum Compton de Dr. Dre, é com seu segundo trabalho que o músico parece ter atingido a maturidade artística (…) Na tentativa de traçar uma cartografia californiana, Malibu chega influenciado pelo espectro do nosso eleito “melhor álbum” do ano passado – To Pimp A Butterfly, de Kendrick Lamar – e é impossível não pensar nas influência deste último sobre o trabalho de .Paak. Em diversos momentos, ficamos com a impressão de sermos transportados ao trabalho mais interessante do Hip Hop de 2015 (ouça Heart Don’t Stand a Chance, um entre inúmeras intersecções possíveis). Tanto nos arranjos jazzísticos quanto nos excertos confessionais que são inseridos no intervalo entre as faixas sentimos a presença do anterior, mas, acima destes – e mais importante que todos os outros aspectos – temos a habilidade narrativa de .Paak como protagonista de Malibu como análoga de Lamar em seu álbum.” – Roger Valença

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12. Blood OrangeFreetown Sound

““Meu sobrenome Hynes provém do irlandês. É um nome de escravos, e significa, literalmente, servo. Eu tenho orgulho do meu nome, tenho orgulho do meu pai, tenho orgulho de minha família, mas é muito estranho ter que carregar isso… e todos nós carregamos isso, toda pessoa negra carrega isso.” Essa declaração do músico e produtor Dev Hynes, que se apresenta sob a alcunha de Blood Orange, está presente em sua faixa lançada em Julho de 2015, intitulada Do You See My Skin Through the Flames?, e coloca uma questão que é essencial para entendermos o contexto que se descortina como um pano de fundo para Freetown Sound: como é possível sentir orgulho de algo que simplesmente se é?” – Roger Valença

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11. CéuTropix

Tropix traz uma ambientação mais noturna e uma configuração de poucos instrumentos nas músicas (alguns ousarão chamá-las de “minimalistas”), com a voz da cantora sempre em um primeiro plano de respeito para seu timbre rouco reverberado combinar com as guitarras distorcidas, batidas e elementos eletrônicos que dão forma ao álbum (…) Com uma produção certeira de Pupillo (Nação Zumbi) e Hervé Salters (General Eletriks), o disco é uma grande obra mesmo aos ouvidos de quem chegar agora sem conhecer todo seu contexto. E quem acompanha a artista há muito tempo é brindado com a oportunidade de reviver o momento em que se apaixonou por sua voz pela primeira vez, algo que se repete a cada faixa pelas primeiras cinco ou seis vezes que ouvimos o disco.” – André Felipe de Medeiros

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10. Carne DocePrincesa

Carne Doce

Princesa é uma nova dissecação, porém mais profunda. Ao reproduzir este disco, estamos imersos em um nível tão interior da personagem feminina em questão que conseguimos sentir e ver as feridas espalhadas por todo seu corpo, sejam elas físicas ou psicológicas. Cada faixa toma para si um trauma e o explora até ficarmos completamente esgotados, assim como a mulher que o sofreu. Não somos poupados em nenhum instante e, se em algum momento somos direcionados a encarar as músicas como calmas e doces, as letras logo nos expõem a crueza dessa carne. Assim, a construção do disco é feita de uma maneira que não permita um ouvinte atento sair da mesma forma que entrou em seu universo.” – Lucas Cassoli

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09. BaleiaAtlas

Baleia

“‘Mais Breu do que Casa’ era uma das únicas pistas que Baleia dava sobre Atlas no intervalo entre sua produção e o lançamento. Sem discordar de tal comparação, que utiliza duas das mais conhecidas faixas de Quebra Azul – a primeira sendo a preferida da crítica e a segunda, queridinha do público -, ela mostra-se hoje insuficiente ao não dar conta de revelar o aspecto popular que a obra possui, mesmo quando parece não tentar agradar ninguém, ou, menos ainda, o quanto os dois discos estão conectados, apesar de suas diferenças. Dito isso, escutar Atlas* é deparar-se com uma alta e volumosa beleza – intimidadora, até – que prefere convidar o ouvinte a aventurar-se no fundo ao invés de contentar-se com qualquer rasa zona de conforto.” – André Felipe de Medeiros

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08. Andy ShaufThe Party

Andy Shauf

“Andy pensou num pequeno conceito para o disco. Imaginou pessoas e conversas surgidas entre elas em meio a uma festa, circunstância que norteia as canções presentes em The Party. O que distingue tudo por aqui é a imensa habilidade do sujeito em ambientar estas criações exatamente no universo descrito lá no primeiro parágrafo. Há doses generosas de Pop à la Burt Bacharach e Folk melódico, digno dos melhores e mais doces momentos de Neil Young, além de ensinamentos melódicos adquiridos no estudo da cartilha The Beatles/The Beach Boys, tudo produzido meticulosamente, dando a impressão de que não havia qualquer instrumento/aparelho eletrônico por perto. A ambiência é eletroacústica, tudo tocado com economia e bom senso, além de surgirem uns acepipes de cordas aqui e ali. A voz de Andy varia de acordo com as canções, há timbres entediados e vibrantes, dependendo da ocasião, tudo poderia ser instrumental sem qualquer problema, se inserindo no hall das grandes obras Pop dos últimos, sei lá, 30 anos.” – Carlos Eduardo Lima

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07. A Tribe Called QuestWe Got It From Here… Thank You 4 Your Service

A Tribe Called Quest

“Quanto à vertente política do álbum, podemos destacar três momentos bastante significativos. A faixa de abertura The Space Program ironiza o empreendimento de colonizar Marte como uma fuga utópica (e trabalhosa) para problemas atuais. Se a Terra sofre com o esgotamento de seus recursos, e com o renascimento de uma visão extremista do conservadorismo, da política racista, xenofóbica e misógina, habitar outro planeta parece ser insistir na lógica colonizadora dos séculos passados, e, portanto, insistir no erro de não encarar a realidade de uma forma responsável. We The People, a pérola deste álbum, sintetiza um discurso sólido que não se deixa abalar pelo movimento fascista de demonização de “minorias” por uma simples razão: ele não é novo. A faixa reproduz cinicamente o discurso de Trump apenas para desarmá-lo com a postura firme dos rappers. Solid Wall Of Sound, uma referência a uma técnica de gravação que sobrepõe camadas de instrumentos criando uma música densa, é por fim, a alternativa poética de resistência do grupo, um muro inclusivo que responde àquele que procura excluir os mexicanos dos EUA.” – Roger Valença

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06. SolangeA Seat at the Table

Solange

“A percepção do tempo e de sua passagem sempre foi um dos temas mais subjetivos da humanidade, visto que cada indivíduo, ainda que dentro do mesmo calendário, parece viver seu próprio cronograma. Essa questão é trazida à tona quando ouvimos A Seat at the Table, disco cuja temporalidade pode ser observada com curiosidade à medida em que desfrutamos de sua estonteante musicalidade (…) Forma e conteúdo convergem em uma obra que exemplifica muito do que é feito, e do que é melhor, em sua época, cumprindo com excelência todos os seus propósitos – seja o de levar a mensagem contra o racismo, o de envolver o ouvinte com uma ambientação sempre densa e de altíssima qualidade de produção, ou mesmo de meramente entreter com belíssimas faixas, na expressão mais Pop do que é ‘curtir música’.” – **André Felipe de Medeiros

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05. Frank OceanBlonde

Frank Ocean

“Entregar uma surra de conteúdo grande assim pede a simplicidade que permeia todo o álbum. Diferente de outros grandes álbuns de Hip Hop recentes, como os de Kendrick Lamar, Kanye West ou Chance The Rapper, os momentos de tirar o fôlego aqui vem de uma guitarra dedilhada, de um piano ou até mesmo de um verso produzido com mais eco, como na bela Skyline To. Essa simplicidade que ajuda a construir uma expectativa para os momentos mais épicos como em Self Control, que termina com um dos trechos mais bonitos e emocionantes que ouvi em uma música nos últimos tempos. A melodia dá todo o destaque para a bela voz de Ocean, que nos inspira a ter vontade de nos tornarmos clichês ambulantes andando a noite numa estrada da Califórnia, sem destino, com os vidros do carro abertos e ao lado de uma pessoa especial.” – Lucas Repullo

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04. Kaytranada99.9%

Kaytranada

“Seja com AlunaGeorge, Syd (The Internet), Little Dragon, Vic Mensa, Badbadnotgood ou até mesmo com o sample de Gal Costa, as faixas começam sempre respeitando a identidade do convidado. O início de cada uma delas, poderia muito bem estar no disco de cada um dos participantes. Mas o que torna o trabalho de Kaytranada como produtor e escancara sua sensibilidade musical é que aos poucos, cada uma das músicas vão se fundindo com as batidas coloridas e cheias de Groove do canadense, até que, sem perceber, o produtor já recuperou o protagonismo da canção e o ouvinte se vê dançando de olhos fechados na cadeira em um local público – história real.” – Lucas Repullo

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03. Bon Iver22, A Million

Bon Iver

“Metalinguagens à parte, 22, A Million revela-se desde a primeira audição como um trabalho complexo, entre o sublime e o confuso, pouco linear e bastante fragmentado. Ele traz um Bon Iver tão distante de seu álbum anterior quanto esse estava da aura Folk Lo-fi de For Emma, Forever Ago, resultado também de tudo com o que Vernon trabalhou nos últimos anos, de The Shouting Matches a Francis and the Lights, de The Staves a James Blake e de Volcano Choir a Kanye West. As mudanças em sonoridade são consequências naturais de toda essa bagagem, que adicionou combustível criativo e tornou o cantor, compositor e produtor mais maduro para saber chegar aonde queria em seu terceiro lançamento sob o nome Bon Iver.” – André Felipe de Medeiros

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02. O TernoMelhor do que Parece

O Terno

“Há muita personalidade ao longo de todo o disco, e esse acaba sendo um dos principais pilares de seu sucesso. Ainda que tracemos diversos paralelos entre sua música e aquelas feitas nos últimos 50 anos, ainda existe um quê de frescor em cada uma das faixas aqui apresentadas, mesmo nas que parecem frutos diretos de canções anteriores – Lua Cheia, por exemplo, traz ambientação, em som e temática, semelhante à do álbum anterior, e faz isso sem parecer uma mera repetição (…) Foi preciso um grau de experimentação maior em O Terno (vide músicas como Vanguarda? e Brazil) para que essas novas tentativas tivessem maior êxito agora em um vocabulário positivamente Pop, e as músicas candidatas a hit vieram ainda melhores do que a banda já tinha feito em Tic Tac, Ai, Ai, Como Eu Me Iludo e a própria 66 (para citar alguns exemplos): Deixa Fugir tem cara de nova favorita nos shows, Depois que a Dor Passa tem seu carisma em palavras simples de conselho de amigo e Não Espero Mais pode entrar para a galeria das canções mais simpáticas lançadas nesta década no Brasil, um novo hino apaixonado para jovens casais por todo o país.” – André Felipe de Medeiros

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01. RadioheadA Moon Shaped Pool

Radiohead

“A atmosfera que rege A Moon Shaped Pool traz sintetizadores cintilantes, cliques percussivos, algumas melodias murmuradas e até uma tentativa de Bossa Nova. Há também a presença marcante da London Contemporary Orchestra, que dá vida aos arranjos de Jonny Greenwood, que, por sua vez, aqui trabalha uma faceta já conhecida de suas trilhas sonoras em colaboração com o cineasta Paul Thomas Anderson. Em alguns momentos, as faixas apresentam o andamento reduzido e vocais invertidos, o que, talvez, possa ser interpretado como um desejo de desacelerar o ritmo do pensamento e de retornar ao passado (…) O discol é marcado por algumas perdas pessoais. Thom Yorke divorcia-se de sua esposa após 23 anos de casamento e Nigel Godrich, o produtor a quem foram confiadas tantas faixas que nunca haviam funcionado em estúdio, perdeu seu pai. O álbum, todavia, não é sobre estes assuntos, e forçar a interpretação de suas letras neste sentido poderia soar determinista, mas não há dúvida de que um sentimento de pesar imprimiu sua energia durante a elaboração do trabalho.” – Roger Valença

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Autor:

Videomaker, ator e Jedi