Se você se lembra, e gostava, dos vídeo games NES, Atari, Mega Drive, Gênesis e Game Boy, você irá se identificar com esse estilo musical.
Logo pelo nome, já podemos ver mais ou menos do que se trata esse estilo. Chiptune/Chipmusic vem de “sons que vêm do chip”. O mesmo para o 8-bit (como também é chamado muitas vezes), que se refere ao uso de sons de games e outros equipamentos que usavam processadores de barramento de 8-bits.
A utilização desse tipo de equipamento na música surgiu por volta do final dos anos 80, começo dos anos 90, inicialmente para a criação de música eletrônica e para a trilha sonora dos jogos propriamente ditos.
Com o passar do tempo, alguns fãs de jogos eletrônicos começaram a ripar estes sons de temas. E assim começavam também a surgir pessoas interessadas na criação, na composição de músicas feitas por equipamentos eletrônicos, os quais foram chamados de chiptunes.
A utilização dos consoles era o foco principal na criação. Inclusive, foi feito um cartucho de Game Boy o qual foi, e ainda é, utilizado por muitos artistas que nem mesmo eram da cena chiptune, como Björk, Kraftwerk, Chemical Brothers e Beck, o Little Sound DJ. Nele é possível criar músicas escolhendo tempo, freqüência, instrumento, entre outras técnicas. O principal ponto desse cartucho é a portabilidade já que os músicos podiam facilmente levar um ou mais Game Boys para o palco para fazerem seus sons.
Mesmo com certo conhecimento do estilo, tudo ainda era underground. Era uma cena pequena e restrita, e que ainda não via um espaço para o mainstream. Contudo, com o surgimento da música eletrônica, mais precisamente com o Eletropop, o chiptune viu um espaço para crescer e assim começou a se tornar mais conhecido do público em geral, e não apenas de fãs de jogos ou de programação musical.
No final dos anos 90/começo dos anos 2000, chegava a hora de uma maior divulgação e conhecimento do estilo, e não apenas um conhecimento no público underground. O chiptune começava então a ganhar espaço no mainstream, muito graças às gravadoras Astralwerks,e principalmente a 8bitpeoples, especializada em 8-bit, as quais foram primordiais para a exposição, apoio e, até certo ponto, comercialização de artistas do estilo. O crescimento foi algo mais linear e foi ganhando adeptos a partir daí.
Hoje, onde temos um cenário musical misto no qual artistas mesclam mais de um estilo de música para a formação do seu, não seria diferente com o chiptune, e há desde o som simplesmente feito por equipamento 8-bit até ótimas misturas.
Representando esse som mais original, Anamanaguchi é uma banda que produz suas músicas totalmente feitas a partir desses sons e segue totalmente a linha tradicional do início do movimento.
Ganhando a adição de uma levada eletrônica com sintetizadores predominantes e com intensidade de um “dance punk”, o chiptune aparece em uma forma mais marcante com o Crystal Castles e o You Love Her Coz She’s Dead.
Outras combinações são encontradas, como a mistura do estilo 8-bit com a atmosfera, vocais e guitarras do Shoegaze e Nugaze que é o caso da The Depreciation Guild. Ou como faz a polonesa she, que reinventa o estilo com adições totalmente Pop, e Saberpulse, que traz para o chiptune a nova moda do eletrônico, o Dubstep.
Surgindo de fãs de games, passando pela influência do eletrônico, e se misturando, principalmente, com o Indie, esse gênero vem crescendo, ganhando fãs, ganhando notoriedade e tendo artistas chamados para festivais de grande porte como SWU e Lollapalooza dos EUA – caso do Crystal Castles e Anamanaguchi, respectivamente. Um estilo musical que pode não agradar aos que procuram algo mais clássico seja com guitarra, baixo e bateria, ou com batidas tradicionais do eletrônico. Mas é só dar uma chance, é um som interessante, e muito bem elaborado – e, por que não dizer, bem programado.
Discografia:
The Depreciation Guild – In Her Gentle Jaws Anamanaguchi – Power Supply Saberpulse – First Crush she – Coloris Crystal Castles – Crystal Castles You Love Her Coz She’s Dead – Inner City Angst