Os dez anos de “Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts”, segundo álbum do M83

Mesmo não tão conhecido do grande público, quanto os álbuns recentes, grupo já se mostrava tocante há pelo menos dez anos

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Descrever o som do M83 não é uma tarefa fácil, visto que o grupo passeia livremente entre Ambient Music, Eletrônica, Dream Pop e Shoegaze. Mas, o que realmente importa, é que o resultado é sempre um som lindo, e que nos enche os olhos e alma desde 2001, ano de formação e lançamento do primeiro disco da banda. Entretanto, é sobre o aniversariante deste domingo que vamos falar; o segundo álbum de estúdio do M83, Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts.

Lançado em 14 de Abril de 2003, o disco completa seus dez anos de vida e, assim como ocorre com muitas bandas, como no caso de The Black Keys, acaba sendo esquecido e ofuscado pelos novos trabalhos em virtude da maior exposição midiátia destes. Mesmo não sendo um dos mais lembrados, ou ouvidos, pelo público em geral, o álbum não deixa por menos para as demais obras e de maneira alguma faz feio perante a discografia do M83.

Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts aparece como o primeiro disco a cair mais para o lado instrumental e mais brando, deixando de lado os samples de vozes retirados de programas televisivos e filmes, e da carga eletrônica mais forte que apareciam em M83. O disco pode ser visto como um passo importante nessa composição do que viríamos a conhecer do grupo, faltando apenas a presença de vocais humanos neste instrumental, elemento que seria somado logo a seguir no terceiro disco, Before the Dawn Heals Us, que então tomaria a “cara” de M83 que nos ficou conhecida.

Além disso, foi com o segundo álbum que o grupo recebeu notoriedade para além das fronteiras francesas e europeias, fazendo turnê internacional. Porém, ao final da mesma, se perdia metade do, ainda, duo com a saída de Nicolas Fromageau, restando Anthony Gonzalez, o qual permanece até hoje e encabeça o M83 ao lado de outros músicos. Tirando esse fato, a turnê foi muito proveitosa e o álbum, extremamente bem recebido, ganhando notas altas, beirando inclusive a pontuação máxima e figurando entre listas de álbuns indicados por veículos especializados.

As boas avaliações são facilmente justificadas. As doze faixas do disco – ou 19, se contarmos a versão com disco-bônus – só não podem ser chamadas de “beleza ímpar” pois vemos tal adjetivo reinando por outros trabalhos do grupo. Vemos então uma obra que apesar de ter bons singles – Run Into Flowers, America e 0078h – aparece como uma mistura de emoções que mesmo variante, indo desde o vocal robotizado do “prefácio” Birds, que nos lembra Fitter Happier do Radiohead, até os emocionantes órgãos de tubo, que dão um ar sacro na tocante In Curch*, soa coesa como as emoções humanas, e desse modo se relaciona tão bem com o ouvinte.

Como de costume, e quase que uma característica sempre esperada, M83 encerra o álbum com uma longa faixa, que sempre passa dos 10 minutos (salvo exceções em apenas dois de seus seis álbuns de estúdio). Aqui, tal façanha fica ao cargo de Beauties Can Die com seu coral angelical de murmúrios femininos que se somam aos delicados pianos e às camadas eletrônicas esfumaçantes, e, que adiante, após longos minutos de um longo e quase inaudivel som que vai caindo no silêncio, retorna para enfim realmente selar essa que é mais uma das grandes obras de arte em forma de música feita com o mais profundo e belo da alma humano que M83 sempre nos proporciona e, pelo jeito, sempre proporcionará.

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ARTISTA: M83
MARCADORES: Disco, Redescobertas

Autor:

Marketeiro, baixista, e sempre ouvindo música. Precisa comer toneladas de arroz com feijão para chegar a ser um Thunderbird (mas faz o que pode).